segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Só o mundo sabe quem elas são.


Me pediram pra vestir uma personagem, exitei. Porque não era meu. Colocaram à prova minha sinceridade, calei. Mesmo porque, se me pedirem para andar no jeito, saberei que aquele 'jeito' é o que todo mundo quer, todo mundo prevê e todo mundo espera. Não, não esperem isso de mim. Prefiro minhas personagens afloradas, concentradas, que acumulam tudo à volta. Cuidado porque o mundo não sabe quem elas são.

Elas não aparecem, elas enganam e criam cada passo meu junto ao poder que só minhas fomes me trazem. Elas engolem tudo, como amebas, tudo que pode me construir, construir esse eu que já sabe bem o que é. Como perfume, exalo minha inexistência aqui, em deleite. Porque não preciso que exista. Não preciso que isso tudo pareça bonito, sensível ou inteligente. Prefiro, por agora, viver. Porque viver é contemporâneo.

domingo, 14 de novembro de 2010

Possibilidades

I Ato


Só você sabe a chave para fazer isso parar. Eu sozinho não sou nada. Repito que você é física, e pode me tocar. Pode me sublimar para a calma – e só ela – aparecer para me levar como nuvem. Não esqueça, sou feito de tudo que há de expressivo e maluco nesse mundo. E não é por isso que não deixo de sentir tudo isso, toda essa árvore. Tudo isso não é mais que essa história, toda essa vida imensa não se resume à essas horas bobas em que eu pareço ficar tão frágil. Fada Azul, não se quebre agora.


II Ato

Entrei porque não havia porta, você queria tanto que ela não era necessária. Tudo isso que me deixa ansioso, que me deixa desse jeito pirado, não me deixa metáforas além do simples SIM, entrei nessa porta porque quis.


Sinto que me resta não só

essas peças que olho e não passo

Estes sonhos cravados no espaço

desejos reprimidos por obrigação


Ato III


Reprimi esses pensamentos baixos, tristes

porque sei que não dá mais para segurar

as coisas que me obrigavam a usar

essa tristeza tosca e falsa.

Então, que acabe logo essa coisa!

Sei que não preciso mentir

não preciso saber simular

só preciso sentir rebeldia

essa coisa tão boa

e desenhar os passos

mesmo que ilusórios

para nossa estrada infinita

de possibilidades.


Por isso não conta a história do passado, e sim do presente. Mesmo porque a tangente do futuro não existe.



terça-feira, 9 de novembro de 2010

Quad


Não suma não agora

porque já te fiz de base

como essas palavras quadradas.

porque metáforas não bastam

nem musicalidade

se não tenho seu olhar, seu corpo, seu suor.

Cena

Se eu pudesse descrever, se eu soubesse, diria que não podemos mais andar de carro. Porque nos sonhos sempre ando a pé. Só lembro do seu sapato adolescente, camisa de menina e olhar de mulher. Palavras decididas numa conversa comprida, parecendo doces os afagos, quentes os abraços e os beijos... beijos são loucos! Porque quando estamos em cena, não há medo que aparece ou nervoso que pareça, tanto faz... Em cena não temos calça jeans e camiseta branca. Temos só o que deveria ser frio, um affair, sendo tantos gostos, tantos desesperos loucos, ansiedades casuais que só minha mente insana, nesse ar de eterno tempo, mesmo rápido, quer entender esse mundo fosco, sublime, invariável.

domingo, 7 de novembro de 2010

Noite

As vezes crio um mundo que me inebria, volátil, para esquecer e continuar. Não era pra ser assim, mas tudo isso tá fazendo ser. É difícil quando se "toca", porque as possibilidades de sentir são inumerosamente maiores. Quisera que fossemos rasos, assim seria tudo muito mais fácil e simples. Tudo isso parece ser regido por música que eleva os sentidos, como imagem que só se descreve vivendo. Nos entendo perfeitamente. Meus pensamentos são difíceis de entender, ao menos. Pelo ao menos não serão rasos.

Se abrir sua mente, posso te ajudar. Simplifique-a, diminua sua expressão ao ponto dela estourar como big-bang! Mas é só sensação. Não tento adivinhar, não tento colocar isso como verdade. Somente aparece assim, em mim, esses pensamentos. Só não guardo porque, ao falar, você joga a pedra que estilhaça essas sensações e acabo me sentindo bem por saber que é só impressão. Poeira só assenta com chuva!

O estranho de conversar é ter medo de ser direto e chatear. Enrolar e entediar... mesclar e confundir. São nossa limitações, fazer o que! As vezes queria mais de uma vida pra conseguir fazer tudo que quero. E falo isso em todos os sentidos. O tempo é um dos culpados. Pouco tempo, muitas vontades. Como conversas de 5 minutos debaixo do jambeiro que já se foram. Você cria expectativas ou as constrói? Pra gente ser completo só precisamos de 2 coisas: pensar e agir. Conciliar as duas coisas é foda. Na verdade, os opostos se atraem e se encaixam, dependendo para onde os atritos te levam. Mas as afinidades dos iguais também são fascinantes.

Meu maior sonho é me despir de máscaras. Cansado de estar aqui, mas não poder ser eu mesmo, alguém que sonha. Não um sonho comum, mas sonha liberdade de espírito. No final da história eu tento descobrir quem realmente sou. Há coisas que são difíceis de falar, ou materializar, e por isso as pessoas acham que determinadas coisas ou sentimentos nem existem, quando na verdade é só dificuldade de expressão. É que a gente se prende às coisas, cria um pudor estranho e cristão que te deixa sem ar. Equilibre-se e não se esqueça de mim nessa hora. Durma que eu darei papel e caneta para seus sonhos.

Tudo isso são memórias que nos substituem, apesar do vazio continuar lá e incomodar. Mas deixa quieto, deixa isso para mais tarde, porque não sei explicar agora o que eu sinto. E nem quero. Deixa a música nos levar, deixa o sonho esvoaçar qualquer ira externa. Isso tudo é nosso, é deles, é do mundo! E quando chega a noite, quanto tudo pode acontecer é que...

- Tudo bem?

- qt tempo!

- Legal brincar com as possibilidades, né?


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Ele não é meu, é do mundo.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Cristalizados

Era uma menina simples com um olhar perdido e mil mundos toscos tentando a encontrar. Eles só precisam de tempo, mas isso não é tão simples de se explicar. Não eram próximos, pelo contrário. Eram distantes o bastante para não se tocarem porque o mundo não queria, porque eram tão óbvios que não se conheciam. Era uma situação muito estranha, uma confusão política tosca que não tinha sentido. Somente se viam, cumprimentavam. O olhar era o sentimento mais próximo porque as conversas sempre se limitavam, deixando de lado o que importava porque o céu era mais importante – não há pernas para o mundo se não deixamos ele girar.

Pensamos como queremos quando explicamos o que sentimos e, naquele momento, sentiam-se incapazes. Era como se fossem nulos diante de uma situação e que risos curtos não ajudassem em nada. Como se corressem riscos com os murmúrios infantis que todo mundo os fazia temer. Era como se, a cada passo, a aproximação fosse nula: se tocavam, mas não se tocavam. Mas, como mundo é assim louco, começaram a creditar múltiplas possibilidades. Porque a loucura não residia mais nos caminhos. O momento se criava nos passos em direção ao rio.