quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Cristalizados

Era uma menina simples com um olhar perdido e mil mundos toscos tentando a encontrar. Eles só precisam de tempo, mas isso não é tão simples de se explicar. Não eram próximos, pelo contrário. Eram distantes o bastante para não se tocarem porque o mundo não queria, porque eram tão óbvios que não se conheciam. Era uma situação muito estranha, uma confusão política tosca que não tinha sentido. Somente se viam, cumprimentavam. O olhar era o sentimento mais próximo porque as conversas sempre se limitavam, deixando de lado o que importava porque o céu era mais importante – não há pernas para o mundo se não deixamos ele girar.

Pensamos como queremos quando explicamos o que sentimos e, naquele momento, sentiam-se incapazes. Era como se fossem nulos diante de uma situação e que risos curtos não ajudassem em nada. Como se corressem riscos com os murmúrios infantis que todo mundo os fazia temer. Era como se, a cada passo, a aproximação fosse nula: se tocavam, mas não se tocavam. Mas, como mundo é assim louco, começaram a creditar múltiplas possibilidades. Porque a loucura não residia mais nos caminhos. O momento se criava nos passos em direção ao rio.

Um comentário:

  1. a menina continua perdida..e ele também...mas agora em sentidos opostos!

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