domingo, 22 de maio de 2011

Instinto


Seu cabelo é fogo seu instinto é soul seus movimentos rock
sua voz acalma seus pedidos esperam seu beijo dilacera meu amor
e coloca num pote com corantes coloridos

Meu instindo coruja se soma com seu instinto passarinho
e desesperam laços com nós se enlaçando esperando traços
desse procedimento brega, mas que é tudo: te amar

quarta-feira, 27 de abril de 2011

o meu


agente ama na cama na boca na fala e depois joga na lama todo choro que e ruim e deixa aquele leve e simples chorar feliz

seu ronrar melhora o meu

segunda-feira, 7 de março de 2011

Medo




fui inspirado que o
medo da vida é o pior dos medos
o segredo é não ter medo de viver porque
se morremos a cada dia,
se a cada dia nos tiram um pouco dela
então não há o que temer:
tira antes a vida do tempo antes que ele, sem medo, te arranque toda ela

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Olhares Trágicos IV - fim

E a rotina, quando fica inversa, não responde nenhuma pergunta? Quando as pessoas não sentam mais um do lado da outra, algo mudou. Tudo começa com um beijo no pescoço que diz alguma coisa? Só agora entendi que era somente um sinal, um grito de liberdade. Isso tudo a gente não vê nas bagunças. Prefiro locais onde posso parar, conversar, insinuar e interpretar. Olhares parecem muito vagos com muito barulho. Posso fazer perguntas, dessas realmente retóricas. Essa é a verdadeira vantagem de um corredor, além das salas que nos esperam enquanto andamos nele. Com certeza: a retina é ferramenta fundamental quando temos, criamos, uma razão; O cuidado só deve aparecer com a quebra da rotina. A minha era só tristeza. Relaxar nunca foi meu forte. Agora que me perdi, que me fugiu as armas, fiquei perdido. A vida é fake, todo mundo sabe disso. Só demorei muito para saber o que escondia.

Olhares são únicos: de passado recente, de um romance vindouro, um curioso e uma insinuação séria. Um olhar de romance passa pelas janelas te seguindo, com um riso solto, deixando claro um 'talvez' quase certo.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Olhares Trágicos III


Eu? Não sou uma coisa que se descreva. Minha vida não é tão interessante. Como eu tanto quero, não sou tão inspirador e não deixo transparecer o que realmente posso. O mundo? Ele só quer ver alguém que possa julgar, maltratar, olhar... olhar injusto? … Olhar não me faz tão mal. Eu sempre os espero, e não ficaria surpreso se me deixassem na mão. Personificação de símbolos não é meu forte.
As pessoas vivem falando dos seus problemas, mas nenhum é importante. Coisas pequenas, que não fazem diferença. E porque meus problemas não são importantes? A sociedade individualista está pouco se lixando para isso. Saiba: você não faz diferença. Quando um batom é mais importante que seus devaneios emocionais, conclua que você não é mesmo visível. O jeito é fazer da invisibilidade seu guia. Muitas pessoas queriam estar invisíveis no seu lugar. E não são só os criminosos, mas são também as crianças e adultos de todas as idades, que buscam paz em meio a um turbilhão de olhares que parecem querer te devorar. Devore então livros. Eles são melhores companheiros que esses olhares loucos. O que essas pessoas querem mesmo é atenção. Odeio pessoas que acham que tudo gira ao seu redor.
O sono é bom. Ele te faz enxergar muita coisa. Faz aceitar melhor a invisibilidade. Você só tem força de olhar para frente: a embriaguez de sono te deixa mais ébrio. Criar uma rotina ajuda em toda essa confusão? Me exponho tanto que até rotina é vista é vista como estranha. Você não sente? Essas coisas se respiram e não sou o primeiro nem serei o último a saber dessas coisas. Deixando a página em branco não me permito extrapolar os limites mínimos interpostos pela confusão que é essa estrada. Me encontro talhando memórias, inventando passados. Tudo para minha vida virar seção da tarde e construir virtudes que não me cabem mais. Às vezes é bom se passar pelo que não é, esperando fingir estar apaixonado por um pedaço de papel. Me pego tentando ver um túnel, fitando momentos desalinhados em busca de um livro que já li, de um conto vestido de preto só para o citar parecendo conseguir reler, soprando em palavras quando senti meu braço, jovialmente cansado pelo tempo, desanimei injustamente do que me forneceu estrutura e do que, por um tempo, me forneceu força para continuar escrevendo, um dia me disseram.
Sobreponho-me ao andar ritmado de sempre. Penso sempre que andando assim chego mais rápido em casa. Mas naquele dia a rua parecia esticada, o sol mais forte e os olhos mais ardidos, como se estivesse num deserto úmido e quente com um ar frio e seco embaçando a visão. A minha mente não saia da dela, e os pontos, que em mim sempre formaram momento, se dissolveram no ar como em teoria. Tive a suposição de que não queria voltar para casa. Sentei-me na mesa que vi quando passava num bar e pedi uma Coca-Cola, da mais gelada que tinha.
Toda vez que me revolto com o mundo eu peço uma Coca. Todo dia eu tomo uma. Cerveja é para quando a gente está feliz, quando está tudo bem e não me faz pensar mais nos problemas. Quando a gente está realmente feliz, nenhum alterador de consciência altera o humor que é construído disso tudo. Não, não quero botar mais confusão nesse barulho. O refrigerante desceu, deixando que minha mente conseguisse parar de pensar no mundo, fez com que minha “ela” se focasse no descer daquele gosto inconfundível e estranho: meio ácido, meio gás. Já no ônibus, penso na vida. Construo um conto de fadas para ter o que pensar. Lembrando do dia que, em uma roda com todas as pessoas que eu lembrei existir naquele momento, mas que nem mesmo me conheciam, respondi: “meu nome é, e não deixa de ser, algo que eu não quero me destituir. Parece, mas não é comum."
Eu respiro, com pressa, e o ar entra em colapso com a minha espera ansiosa por isso. Não me convenço de nenhuma outra trajetória, não admito os passos finos com o abrupto peso em meus olhos. Meu olhar turvo não espera ver o concreto afago e aquele frio toma a ansiedade dos olhos. Aperto os passos e o ar violento nos pulmões acelera a mente, tanto querer e vontade quanto o momento devia, e que absurdamente a leveza toma e o olhar fica brando-amarelado com outro toque sutil da curva. Suave a mente espairece. Meu caminho de pedra está salvo diante essa serena base de vida que esse passado corrói em mim. Quem me dera que essa vulto me seguisse até o leme que conduz essa pedra, que enraíza essa coisa, mas que me coloca num altar fictício em busca de um momento em que meus olhos fiquem cinzentos.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Olhares Trágicos II


Eu amo. Não sei se leviano, mas eu amo. O que me basta nessa vida eu já escolhi. E nessa força, quase de auto-ajuda, que me encontro uma força meio sincera. Como foi controlar aquele olhar de milésimos de segundos, eu não sei. Mas ele me falou isso. Sou leviano de olhares e meu coração dói com essa imagem. Quero amar esses olhares. Esse olhar amarelo congelou uma emoção, descongelou meu endereço. Abaixo dele estava outro e outros olhares me fitavam de curiosidade. Esses olhares por um momento me rodearam. Me deixaram fraco por um momento. Mas aquele olhar vampiresco foi único.

A boca na minha memória distorceu, virou só insinuação. Aquilo não foi pra mim. Não entendeu o que ela falou pra ela mesma com aquela imagem torta da boca. A minha vontade era me colocar na frente da paleta, do muro de silêncio daquele momento. Assim descobri que sou viciado em olhares. Um olhar misterioso se coloca como uma dúvida quando se procura um flerte. Eu me apaixono de novo. Com outro olhar simples, eu amo. Com um olhar incisivo calo minha desesperança e coloco em cheque tudo que aprendera até aqui. Controlar os instintos, bater o pé nesse turbilhão de coisas que se coloca em sua memória. Obliqua e dissimulada?

Essa dúvida é a mesma toda hora de quando me disponho a qualquer foco. Lacunas sempre nos deixam nessa ansiosidade ambulante. Mas não, não disponho tudo isso externamente. Isso não é me deixar levar por tudo isso. Essa memória é melhor que droga, me falta ar e essa sensação. A cada dia um olhar me basta, um olhar me cala, um olhar me sobra. Levo tudo isso em ego. E construo essa peça só. Mas esse olhar amarelo nunca sai da minha cabeça.

O olhar dela é mais feliz. Ela olha dizendo exatamente o que sua boca fala. Ela parece passar aquela simplicidade que falta nesse meu olhar cansado. É assim, querendo dizer algo que não sei qual é. Me dá uma calma estranha porque ela não sabe me olhar sem motivo. Ela só sabe me dizer essa coisa. Ela me faz perder o olhar de vista, me faz procurar seu foco. É mais surreal ainda a sensação de leveza que dá a minha parada para ouvir esse flerte. De tudo já tive, mas não tive aquele olhar de cinema. Se despediu na janela sorrindo tanto que não aguentei em deixar de lado um olhar e dispendi um sorriso quanto me foi possível demonstrar.

Seu olhar não foi um parceiro nato. Ele aparecia vez ou outra me deixando tranquilo e essa tranquilidade me deixava de lado vez em sempre. Sem ele, você ficava invisível – e era a intenção – de um jeito que a paciência me pareceu peculiar. A minha paciência. Como eu, um psicopata que prende olhares, podia aguentar esses olhares intermitentes entra meses e meses? Eu gostava.

Um dia, com todos discutindo sobre minha barba rala, ela soutou o olhar que mais marcou em toda a vida. Ele era fixo e pendia entre várias sensações de uma maneira que só ela podia fazer. Ela conseguiu fazer meu olhar fugir descontrolado, deixar de lado meu gostar e me bastar em voltar o foco para ver aquele olhar se misturar com aquele sorriso de lado que não parou de fazer.

Aconteceram várias coisas a seu tempo, por muito tempo. Tentei aprender a lidar com essas questões sem ter que comer pizzas melecadas com maionese. Me declarei como nunca tinha me declarado pra alguém. Percebi que as pessoas demoram muito tempo para valorizarem quem realmente as ama. Eu sou um pouco assim, não nego, mas sei sorrir e atender. Quem sabe não é essa a pessoa que eu estava esperando por toda minha vida? Depois disso não esperava mais nada. O telefone não atendia, as mensagens não eram respondidas, os e-mails ignorados. O que me restava agora? Só me restava esperar um assunto qualquer aparecer na mesa, eu levantar parecendo ser mais alto e distribuir papeis para parecer mais ativo.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Olhares Trágicos


I


O mundo não explode quando a gente pensa. As mudanças, simples que sejam, não fazem parte da característica da mente. Dizendo propriamente dos velhos fatos: qual a nossa possibilidade real de construir o novo? Nossas limitações não desconstroem já demais nossos passos? Não. Teremos sempre aquelas sensações estranhas de vazio, tão faladas e tão comuns. Criamos com isso a ideia de que não somos nada. Eu normalmente penso que sou nada. O que me deixa livre mais um pouco dessa aflição é quando sento e me coloco no lugar de qualquer pensamento... Sonhar acordado: não há nada melhor para se colocar a cabeça do lugar.

Tento sempre separar as coisas boas da vida e preparar loucuras para o próximo mês. O que não faço demais se não pensar sempre que sou nada ou que posso pensar melhor que qualquer linha “blábláblá” que se fale. Naquele dia, na roda de amigos, me peguei numa dessas discussões internas procurando uma maneira de não explodir como uma bomba no mundo. Tem alguma peça que falta, algum ponto que fica raso com tudo isso. Eu olhava em um ponto fixo e não percebia. Pensava no que me falavam ser besteiras. O que me colocaria no ponto de conseguir alcançar o funcionamento das engrenagens na minha cabeça? Nessa hora não percebo que começo algo que não queria ver.

Seria então uma dança inacabada aquilo? Aquele olhar ao vento me deixando cabisbaixo... não sei, não sei. Por que isso me tira do foco?

Talvez. Coloco-me numa situação complicada sobre esses momentos. Eles sempre me deixam trancado. Eu só estava lá. Aquele ponto fixo começara a criar a esses pensamentos descolados. Sim, eles existiram, apesar de terem quebrado um raciocínio lógico de alguma coisa que nunca mais vou conseguir lembrar. Mesmo assim, continuei me sentindo nada. Um nada. E qualquer coisa que me dissessem não melhorava esse humor rançoso. Esses risos cômicos, rugosos, pairavam no ar pesado que esse lapso me causou. Ar pesado ar.

Respirei fundo e voltei o olhar. Retornei o meu vazio aos olhos e controlei os pulsos. Meu coração parecia catapulta: jorrava olhares ritmados para aquele olho que se jogou em linha reta para meu olho. Imediatamente deixei o olhar baixo, reparando no tremido olhar que se revezava entre minha boca e o foco dos meus olhos. Tremia junto com aquele desfocado ponto. Como se eu tivesse parado e o mundo se mexia de um jeito que me atordoava. Não podia andar, estava acocado e verde. Por onde poderia fugir, não sei. Só estava sentado ali, olhando para baixo e querendo olhar para ela. Mas ela atrapalhava todos meus sonhos momentâneos de construir algum pensamento sem noção.

Nós precisamos descontrolar nossos olhos de novo. Tentei cancelar esses pensamentos, mas não podia desviar o olhar do olhar penetrante em minha boca. Não cansei de pensar que ela não pensaria que eu era um nada. Com a voz estridente e um instinto ululante, fisguei esse olhar tremido para meu olhar e acalmei meu coração naquela cena míope. Meu desejo era seu olhar curioso.

Um momento gritante da carne a todo o momento querendo que pensem que se meche. A vida é assim, obscura. Senti tanto a falta desse sentimento bobo que, quando pude, não soube aproveitá-lo. O conjunto do meu corpo não se controlou: esvaziei meus olhos daquela penúria e o enchi do vento pulsado por aquela emoção.